Há pouco mais de um mês, um país recorrentemente atravessado por abusos eautoritarismos acordou com mais um. Estampava os jornais brasileiros: MPF pede cancelamento de outorgas de radiodifusão da Jovem Pan por desinformação e incentivo a ações antidemocráticas. Como de praxe em tempos de polarizados, pratearam e exultaram nas redes sociais os autoritários de ambos os lados.
Que a Jovem Pan (ou Klan!) se presta aos descalabros antidemocráticos não é novidade. Ainda mais à direita de Gengin Kan, a emissora fomentou ao longo de quatro anos a sanha golpista que veio desembocar na malograda tentativa de golpe no dia 08 de janeiro de 2023. Mas não quero aqui falar da emissora. Volto-me, como de costume, a quem agora ocupa o centro do poder.
Em tempos de lava-jato, ouvia-se pelos chãos dos sindicatos:
- Que se punam as pessoas, jamais as empresas!
Justíssimo! Reitero que apenas ao imperialismo americano e ao baronato rentista interessava deixar os nossos "campeões nacionais" beijando a lona. Desempregos, pedidos de recuperação judicial e perda de credibilidade internacional foi o saldo que nos legou a "Republiqueta de Curitiba". E agora que a lava-jato está velada e enterrada? E agora que o Sr. Messias está devidamente apunhalado pela inelegibilidade (justa!)? Agora, ainda que não tenha nada a ver com a história da emissora, a vitória apertada do atual mandatário da república deixa ainda mais as claras a temporada de caça aos derrotados nas mais variadas instâncias de poder.
À época das eleições, "progressistas" de todos os cantos debulhavam-se de esperança pela união, conclamando as massas em prol do amor e da "pacificação nacional". A vitória veio e o discurso mudou. Era questão de ponteiros até que o revanchismo tomasse o coração dos partidários do planalto. Outrora acuados em seu "rousseuanismo" de ocasião, voltam-se ao "hobbesianismo" constitutivo de nossa natureza política, empregando a mais descarada censura em nome de um "bem maior". Perdoe a redundância. Em 200 mil anos de espécie, desconheço quem já violentou em nome de um "bem menor". Não me surpreende. Da minha parte, parafraseando Pessoa, não espero do poder outra coisa senão ser poder!
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